Efeito do tarifaço de Trump atinge bolsonarismo em São Paulo

Jamildo Melo | Publicado em 26/07/2025, às 10h05 - Atualizado às 10h20

Eduardo Bolsonaro com Trump e Jair Bolsonaro - Reprodução Instagram
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A nova pesquisa conduzida pela Futura Inteligência, em parceria com a Apex Partners, revela uma mudança significativa no cenário político do estado mais populoso do Brasil. Com foco nos eleitores paulistas, o levantamento mostra que o chamado “efeito Trump” — relacionado às ações e posturas recentes do ex-presidente norte-americano — está repercutindo negativamente na imagem dos principais nomes da família Bolsonaro: Jair, Michelle e Eduardo.

Declínio da vantagem bolsonarista

Segundo os dados do estudo, houve uma queda na intenção de voto para os candidatos ligados ao bolsonarismo em comparações diretas com o presidente Lula. 

Esse recuo é interpretado por analistas como reflexo direto da aproximação política com Donald Trump, incluindo elogios públicos e alinhamento de discursos após o anúncio de novas tarifas norte-americanas sobre exportações brasileiras — o que impacta diretamente a economia de São Paulo.

Tarifa Trump e seu impacto doméstico

Conforme os dados enviados ao site Jamildo.com, a pesquisa revela que 86,7% dos paulistas afirmam estar cientes da nova tarifa imposta por Trump. Entre os que têm conhecimento da medida, 71,4% discordam da atitude. Esse descontentamento se reflete na percepção sobre candidatos associados ao presidente norte-americano. A rejeição à postura de Jair Bolsonaro diante do episódio, vista como permissiva e alinhada com Trump, pode estar minando seu capital político na região.

Eleitores mais críticos

A queda no desempenho eleitoral dos bolsonaristas é mais acentuada entre os eleitores de maior escolaridade e renda, segmentos que costumam acompanhar mais de perto questões de política externa e seus reflexos internos.

Na capital paulista, por exemplo, a desaprovação à figura de Jair Bolsonaro subiu para 63,3%, enquanto Michelle e Eduardo enfrentam rejeições acima de 30%, superando a média estadual.

Desconstrução gradual da narrativa

Segundo os especialistas, o levantamento também aponta que os eleitores não estão apenas reagindo à política internacional, mas à combinação de fatores que envolvem o julgamento no STF relacionado aos eventos de 8 de janeiro, investigações judiciais e o estilo confrontacional do grupo bolsonarista.

A associação com Trump — especialmente em um momento em que o presidente norte-americano enfrenta seus próprios desafios legais e diplomáticos — parece ter acentuado o desgaste.

Cenários futuros

Com a eleição presidencial prevista para 2026, os números sinalizam que o domínio bolsonarista em São Paulo pode estar enfraquecendo. Embora o núcleo duro da base permaneça fiel, há indícios de que o eleitorado moderado esteja migrando para alternativas menos polarizadoras.

Em contraste, nomes como Tarcísio de Freitas, também aliados do campo conservador, mantêm bons desempenhos, sugerindo que o estilo pode ser revisto internamente.

Para os especialistas, o "efeito Trump", longe de ser apenas uma nota de rodapé nas relações bilaterais, está moldando o futuro da política brasileira — ao menos sob a ótica dos paulistas. A pesquisa da Futura Inteligência sugere que a estratégia de internacionalizar alianças pode ter um preço alto no eleitorado mais exigente. Com a corrida presidencial se aproximando, os próximos movimentos da família Bolsonaro serão decisivos para conter ou aprofundar essa tendência.

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