Ana Luiza Melo | Publicado em 28/09/2025, às 17h36 - Atualizado às 17h59
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou na última semana que será candidato à Presidência da República em 2026, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteja de fato fora das eleições.
Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e declarado inelegível até 2062.
"Eu sou, na impossibilidade de Jair Bolsonaro, candidato a presidente da República; por isso que o sistema corre e se apressa para tentar me condenar em algum colegiado (...), para tentar me deixar inelegível", afirmou o deputado.
A declaração ocorre em um momento de acúmulo de controvérsias para o deputado.
Ele já enfrenta o risco de perder o mandato por excesso de faltas não justificadas. O parlamentar solicitou um período de licença e residência nos EUA que durou de 18 de março a 20 de julho de 2025.
Em setembro, as faltas do deputado estavam sendo contabilizadas, e ele já havia atingido metade do limite permitido para um processo de cassação de mandato por ausência, conforme as regras da Câmara.
O plano de ascensão de Eduardo Bolsonaro para a principal disputa nacional enfrenta um obstáculo adicional: a impopularidade de sua principal bandeira internacional, o apoio ao ex-presidente americano Donald Trump.
O levantamento Pulso Brasil, realizado pelo Instituto IPESPE em setembro de 2025, aponta que a maioria dos brasileiros, 61%, desaprova o Governo Trump. Para um candidato que usou a proximidade com Trump como capital político, essa rejeição traduz-se em um alto risco eleitoral herdado.
A pesquisa IPESPE detalha o impacto negativo desse alinhamento. 57% dos brasileiros acreditam que o apoio ou a proximidade de Trump mais prejudicará do que ajudará um candidato à Presidência do Brasil em 2026.
O risco de isolamento eleitoral é maior no centro: entre eleitores que se identificam com o Centro, 66% afirmam que a proximidade com Trump prejudicaria um candidato.
Mesmo na Direita brasileira, 21% dos entrevistados compartilham a opinião de que o apoio é prejudicial.
De acordo com o site Metrópoles, interlocutores relatam que o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) tenta convencer Eduardo a baixar o tom e a avaliar melhor o clima no Congresso.
Líderes de partidos de centro não demonstram disposição em apoiar anistia ampla para os envolvidos na tentativa de golpe — muito menos se incluir Jair Bolsonaro. O grupo, no entanto, já aceitou discutir a redução de penas, o que beneficiaria também o ex-presidente.
No campo da esquerda, lideranças petistas afirmam que deixar Eduardo livre para se manifestar nas redes sociais é vantajoso, já que consideram suas falas mais prejudiciais do que úteis à articulação da direita. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), chegou a pedir a prisão preventiva do deputado.
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