Divididos entre João Campos e Raquel Lyra em Pernambuco, União Progressista formaliza federação nesta quarta (03)

Cynara Maíra | Publicado em 03/12/2025, às 09h17 - Atualizado às 10h18

Miguel Coelho e Eduardo da Fonte terão que trabalhar juntos em Federação. Presidentes estaduais dos partidos estão em lados opostos na eleição de 2026 - Reprodução
COMPARTILHE:

Ler resumo da notícia

A nova Federação União Progressista oficializará seu registro nesta quarta-feira (3), com a assinatura do protocolo para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A aliança formalizará a fusão administrativa do União Brasil (UB) e do Progressistas (PP). A junção entre as duas siglas tornará o grupo  a maior bancada da Câmara Federal, somando 109 deputados e uma capilaridade que envolve 15 senadores e 6 governadores.

O presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, celebrou o registro como um marco de "estabilidade e responsabilidade". 

Em Pernambuco, a formalização do bloco deve gerar tensões políticas para eleição de 2026. A federação, válida por no mínimo quatro anos, obriga os partidos a caminhem juntos nas eleições de 2026 e 2028, o que exigirá um "freio de arrumação" nas alianças locais no próximo ano.

Como partido maior no estado, o Progressistas ficou com a liderança da federação em Pernambuco, o que torna Eduardo da Fonte (PP) dirigente estadual do grupo.

Deputado federal, Dudu da Fonte é aliado de primeira hora da governadora Raquel Lyra (PSD), enquanto o líder do União Brasil, o ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho (UB), defende abertamente a candidatura do prefeito do Recife, João Campos (PSB), ao Governo do Estado.

Miguel Coelho em "saia justa"

Pré-candidato ao Senado, Miguel Coelho busca espaço na chapa de João Campos, mas enfrenta uma concorrência acirrada. A decisão da federação União Progressista de se afastar do governo federal pode dificultar mais sua presença em um palanque que deve ter como premissa o apoio a Lula.

O prefeito do Recife já conta com outros postulantes para as duas vagas ao Senado, todos alinhados ao petista:

Além de ser um nome de destaque no Sertão, Miguel é um nome de centro-direita capaz de dialogar com setores conservadores, o principal problema seria um conflito entre o UB e o PT nacionalmente, o que poderia dificultar compor uma chapa com ambos os postos. 

Para além da questão nacional, a Federação estar nas mãos de Eduardo da Fonte pode facilitar com que a federação penda para o lado de Raquel Lyra. 

O fator Eduardo da Fonte

A presença da federação fortalece a base de Raquel Lyra na Assembleia Legislativa (Alepe), onde o PP detém a maior bancada governista.

Com Eduardo da Fonte na presidência estadual do bloco, a tendência natural seria o alinhamento formal da União Progressista à reeleição da governadora, garantindo a ela um tempo de televisão robusto.

Mesmo com o cenário, pendendo para que a federação esteja ao lado da governadora, Miguel Coelho mantém um tom crítico à gestão estadual. Em outubro, ele afirmou que os pernambucanos sentem "frustração" com o atual governo e defendeu a construção de uma frente ampla de oposição.

A situação pode mudar, já que no segundo turno de 2022 Miguel apoiou Raquel contra Marília e Eduardo da Fonte já foi aliado do ex-prefeito ainda em 2019. Os Coelho só entraram em composição com o PSB após frustrações em negociações com a gestão da governadora Raquel Lyra. 

João Campos Pernambuco Raquel Lyra União Progressista