Cynara Maíra | Publicado em 04/06/2025, às 07h05 - Atualizado às 07h51
O clima entre deputados da base do governo Raquel Lyra (PSD) e da oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) voltou a escalar na terça-feira (3).
Durante reunião da Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ), o deputado Antônio Moraes (PP), aliado do Palácio do Campo das Princesas, acusou o Coronel Alberto Feitosa (PL) de querer “quebrar Pernambuco”, em meio ao impasse que envolve a não votação do pedido de empréstimo de R$ 1,5 bilhão encaminhado pelo Executivo.
O confronto ocorreu durante a discussão de um pedido apresentado pela deputada Débora Almeida (PSDB), que propôs a convocação dos secretários estaduais Wilson de Paula (Fazenda) e Fabrício Marques (Planejamento) para prestar esclarecimentos sobre os empréstimos já contratados e a nova solicitação. A proposta, no entanto, não foi votada.
Ao rebater críticas da oposição, Moraes afirmou que a obstrução das matérias é prejudicial ao Estado. “O que vossa excelência quer, na verdade, é quebrar Pernambuco”, disparou o deputado em direção a Feitosa, após defender que a tramitação do projeto está travada por decisão da presidência da Alepe, que não levou a matéria a plenário, mesmo com o regime de urgência vencido.
Feitosa respondeu acusando Moraes de ter ignorado o regimento interno da Casa durante sua passagem pela presidência da CCLJ.
“Vossa excelência arquivou mais de mil projetos de colegas, sem respeitar os prazos”, declarou. Moraes retrucou afirmando que as propostas retidas diziam respeito a isenções fiscais e insinuou que o comportamento de Feitosa seria autoritário.
Apesar do acirramento, a comissão aprovou o reajuste salarial de 6,27% para os professores da rede estadual e cinco projetos de isenção de IPVA. A matéria, no entanto, não foi votada em plenário durante a tarde por falta de quórum, já que a base governista não compareceu à sessão.
A ausência gerou protestos nas galerias, onde professores aguardavam a votação do reajuste.
Como Álvaro Porto (PSDB) conseguiu uma brecha para continuar votando temas durante o travamento da pauta na Alepe, a base governista tem assegurado a paralisação das votações “com as próprias mãos”.
O grupo tem se ausentado no horário das votações em plenário para evitar o debate de temas por falta de quórum. No PodJá- O Podcast do Jamildo, o deputado Antônio Moraes comentou na semana passada sobre a estratégia, confira:
Deputados como Waldemar Borges (PSB), Júnior Matuto (PSB) e Dani Portela (PSOL) criticaram a ausência dos governistas e cobraram a votação das pautas ligadas à educação.
Já Renato Antunes (PL) responsabilizou a oposição pela falta de quórum e disse que a governadora agiu com “respeito” ao encaminhar o reajuste para a Casa.
No campo da articulação, o deputado João Paulo (PT) e o Dorival Barros (PT) falaram sobre a necessidade de conciliação entre as partes da Assembleia.
"Eleição é só no próximo ano, antecipar a eleição está prejudicando este parlamento e o povo, e a Casa precisa tomar providências. Nós precisamos assumir, o problema não é só da governadora, o problema é nosso também, temos que ter a capacidade de sentar na mesa com o Governo do Estado para discutir”, disse Dorival.
O pedido de empréstimo de R$ 1,5 bilhão tramita na Alepe desde março.
A governadora Raquel Lyra tem defendido publicamente a importância dos recursos para a continuidade de obras estruturantes como o Arco Metropolitano, a duplicação da BR-232 e a construção de novos hospitais.
O governo argumenta que há risco de perda do financiamento para outros estados caso a Assembleia não aprove o projeto em tempo hábil.
O travamento da pauta, segundo a deputada Débora Almeida, ocorre por força do artigo 21 da Constituição Estadual, que prevê que projetos em regime de urgência devem ser votados em até 45 dias. Passado o prazo, qualquer deputado pode solicitar a inclusão na ordem do dia, e, enquanto isso não ocorre, outras matérias ficam sobrestadas.
Na tentativa de avançar o debate, Débora anunciou que vai protocolar pedidos de audiência pública nas comissões de Justiça, Finanças e Administração para que os secretários de Estado esclareçam dúvidas levantadas pela oposição.
Ela afirma que o atraso é motivado por interesses eleitorais. “Não querem que a governadora entregue obras que são sonhos do povo pernambucano”, criticou.
Enquanto isso, o setor produtivo, representado pela Federação das Indústrias de Pernambuco (FIEPE), tenta atuar como mediador na crise.
Em reunião com deputados nesta semana, empresários manifestaram preocupação com o impacto do impasse político sobre os investimentos no Estado e defenderam uma reunião entre Legislativo e Executivo para distensionar o ambiente. Até o momento não houve perspectiva de conciliação.
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