Cynara Maíra | Publicado em 06/10/2025, às 11h30 - Atualizado às 12h37
Iniciada na sexta-feira (03), a Bienal Internacional do Livro de Pernambuco continua ao longo desta semana, até o domingo do dia das crianças, 12 de outubro, com muitas atrações que dialogam entre o pop, o educacional e as raízes pernambucanas do evento.
Apesar da maior aproximação com o sistema mais "mainstream" de bienais como a de São Paulo e Rio de Janeiro, a Bienal de Pernambuco buscou manter o tom educacional ao redor de todo evento, até mesmo nas atrações com roupagens mais populares.
Um exemplo é o modelo de Scaperoom. Com duas salas interativas com estrutura simples, os visitantes participam de um questionário educativo sobre as tradições pernambucanas que precisam responder em até 15 minutos. Além de uma moeda personalizada, o grupo participante também pode ganhar brindes, como um curso online gratuito.
Nos paineis a bienal também deixa claro que não quer se afastar do estado. Durante a conversa sobre a construção da adolescência de autores LGBTQIA+ além de Pedro Rhuas, do Rio Grande do Norte, Vitor Martins e Paulo Ratz, ambos fluminenses, a Conexão Petrobras colocou a caruarense Manu Medeiros para falar sobre sua trajetória.
Com falas marcantes sobre ser uma mulher negra lésbica do interior de Pernambuco, a escritora foi tida como uma grata surpresa para os ouvintes, que não conheciam sua obra.
Os paineis em locais abertos e diferentes do evento, propositalmente ou não, permitem com que um jovem em uma fila de autográfos de um autor nacional consiga ouvir e se interessar pela fala do escritor Sidney Nicéas falando sobre a história de Lourdes Alencar, uma líder comunitária do Recife.
O esforço para atrair esse novo público parece dialogar com os desafios do mercado editorial local. Uma pesquisa recente da UniFAFIRE revelou que a maioria dos recifenses lê de 1 a 3 livros por ano, muitas vezes por obrigação acadêmica.
O estudo também apontou que, para 44,26% dos entrevistados, a principal motivação para ir à Bienal é "passear e conhecer", enquanto 29,87% buscam descontos, mostrando o evento como uma porta de entrada para um público menos habituado à leitura.
Além dos painéis, a feira reserva espaço para a cultura popular, como a apresentação do Samba de Coco Raízes de Arcoverde, e para o debate acadêmico, com lançamentos de livros de educadores da rede estadual e mesas sobre o legado de Paulo Freire.
A criação do "Lugar de Acesso", dedicado à inclusão e acessibilidade, e a Maratona Sudene de Inovação também mostram a preocupação do evento em ser mais do que uma feira de livros, atuando como um espaço de formação e cidadania.
Com um objetivo ambicioso de unir educação e o pop através de interatividade, há alguns percausos no caminho de quem participa da Bienal, em alguns casos literalmente.
A estrutura do Centro de Convenções de Pernambuco parece ser o principal impasse de reclamação entre os participantes, tanto pelos desníveis que os bombeiros tentam alertar com fitas no chão, quanto pelo calor.
Era hábito durante os dias do evento observar alguém tropeçando entre um buraco ou desnível no chão do Centro, enquanto que no domingo (05), dia com maior volume de visitantes, diversas pessoas estavam leques se abanando pelo calor, que o sistema de ventilação colocado pelos organizadores não conseguia suprir.
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