Clara Nilo | Publicado em 22/10/2025, às 11h18 - Atualizado às 11h54
Dois meses após o tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos, a exportação de uvas brasileiras para o país americano caiu 70% no terceiro trimestre de 2025, e a receita total do setor dminuiu 22% em comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
No trimestre, o Brasil exportou 6,8 mil toneladas da fruta, volume muito inferior ao registrado em 2024, quando o país enviou 58,9 mil toneladas ao exterior ao longo de todo o ano. Apenas 4% da uva exportada neste trimestre teve como destino os Estados Unidos, percentual que no mesmo período de 2024 era de 38%, de acordo com o Comex Stat.
A Argentina foi o país que absorveu mais da metade do volume exportado entre julho e setembro e tornou-se o principal destino da uva brasileira. Outros países da América Latina também aumentaram sua participação. Na Europa, o Reino Unido e os Países Baixos mantiveram relevância como principais portas de entrada do produto brasileiro.
“O impacto do tarifaço foi expressivo para o setor de uva, especialmente para produtores que dependem do mercado norte-americano, mas o agronegócio brasileiro tem um histórico de resiliência”, avaliou Renato Francischelli, country director da Ascenza Brasil.
"Este é um momento de reorganização, de buscar novos destinos, reforçar acordos com países que valorizam a qualidade da uva nacional e investir em diferenciação para reduzir a dependência de poucos mercados", concluiu ele.
Mesmo diante da retração, o Vale do São Francisco (PE/BA) continua sendo o principal polo produtor e exportador de uvas de mesa do país. A região, responsável por mais de 95% das exportações brasileiras, tem direcionado esforços para diversificar mercados e investir em variedades premium.
Para especialistas, a reconfiguração do mercado global abre oportunidades em novos destinos, especialmente na Ásia e no Oriente Médio, regiões que ampliaram o consumo de frutas frescas nos últimos anos.
“O Brasil tem potencial de competitividade pela produção em diferentes épocas do ano e pela qualidade do produto. Fortalecer a logística e investir em certificações internacionais pode abrir novas rotas e gerar maior estabilidade nas exportações”, defendeu Francischelli.
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