Ana Luiza Melo | Publicado em 08/07/2025, às 12h13 - Atualizado às 14h10
Em meio a um cenário de alta percepção inflacionária e expectativa de aumento no endividamento das famílias, 60% dos brasileiros com dívidas dizem já participar ou ter intenção de aderir ao programa de refinanciamento de débitos.
Os dados fazem parte da mais recente edição do Radar Febraban, realizada em junho e divulgada nesta semana. A pesquisa é trimestral e reflete as expectativas e percepções da sociedade sobre a vida pessoal, a economia e prioridades para o País.
Nas regiões Norte e Nordeste, esse índice é ainda mais expressivo: 66% e 63%, respectivamente. A adesão também se destaca no Centro-Oeste (63%). No Sul e Sudeste, o percentual é um pouco menor, ambos com 52%.
O levantamento ouviu 2 mil pessoas entre os dias 12 e 20 de junho e tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
Os dados mostram que o programa de refinanciamento tem maior adesão entre os mais jovens: 67% dos entrevistados com idade entre 18 e 24 anos afirmam que pretendem renegociar suas dívidas. A intenção também é elevada entre pessoas com ensino fundamental (63%) e nas faixas de renda mais baixa: 65% daqueles com até 2 salários mínimos querem aderir ao programa.
Por outro lado, apenas 24% dos entrevistados disseram que não pretendem participar da renegociação. Outros 13% ainda avaliam a possibilidade, afirmando que “vão se informar melhor” antes de tomar uma decisão.
A pesquisa também mediu a percepção da população sobre o futuro das dívidas no país. O resultado revela um alerta: 71% dos brasileiros acreditam que o endividamento das famílias vai aumentar nos próximos meses. Apenas 18% acham que o nível de dívidas vai se manter estável, enquanto somente 10% esperam uma redução.
Esse sentimento é consistente com outros dados da mesma pesquisa, que mostram crescimento na expectativa de alta dos impostos (71%) e na perda do poder de compra (51%).
No recorte regional, o Nordeste aparece como uma das regiões mais expostas à pressão econômica. Além da alta intenção de renegociação, a percepção de que os preços aumentaram é quase unânime: 79% dos nordestinos disseram que sentiram alta nos valores de produtos nos últimos seis meses, com destaque para alimentação, saúde e combustível.
Apesar disso, a região também se destaca pela confiança no futuro: 66% dos nordestinos acreditam que sua vida pessoal e familiar vai melhorar até o fim de 2025, segundo a mesma pesquisa. Esse dado mostra que, mesmo diante das dificuldades financeiras, o nordestino busca alternativas — e a renegociação de dívidas é uma das principais estratégias.
O Radar Febraban aponta que quanto maior o nível de instrução e renda, menor a intenção de participar de programas de refinanciamento. Entre os que têm ensino superior, por exemplo, 58% dizem que vão aderir, contra 63% dos que estudaram até o ensino fundamental. Já entre quem recebe mais de 5 salários mínimos, a adesão é de 57%.
A diferença aponta para um desafio de política pública e comunicação: a necessidade de ampliar o acesso à educação financeira e às informações sobre os programas disponíveis, especialmente entre os grupos mais vulneráveis.
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