Yan Lucca | Publicado em 17/07/2024, às 14h12
Nesta quarta-feira (17), a governadora Raquel Lyra (PSDB) comentou sobre a situação do metrô do Recife, que vem sendo alvo de inúmeras cobranças de políticos e usuários do transporte que corta a Região Metropolitana do Recife.
A fala ocorreu durante sua apresentação no final do seminário sobre infraestrutura urbana promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) e pelo Grupo Atitude, no auditório do RioMar Trade Center e durante entrevista concedida após o evento.
A governadora afirmou que a estadualização do sistema é uma possibilidade e que essa decisão parte da União. Segundo a chefe do executivo estadual, o governo de Pernambuco já se colocou em "plena disposição" para construção de soluções possíveis para o sistema metroviário.
Raquel reafirmou a necessidade de garantir investimentos para o metrô e apontou o déficit no número de usuários que usam o sistema de trens do Recife após a pandemia. "O que a gente precisa é garantir que o metrô volte a ter investimento e permitir que as pessoas trafeguem com segurança. O metrô no seu auge, antes da pandemia, conseguia transportar cerca de 350 mil até 400 mil pessoas por dia, hoje está em torno de 60 mil. Presta um serviço ruim, não tem segurança para quem tá transitando nele e quebra o tempo inteiro", afirmou a governadora.
Durante a mesma entrevista, Raquel afirmou que conseguiu garantir cerca de R$ 200 milhões para investimentos no metrô e disse buscar um entendimento com o governo federal e o BNDES para chegar a uma solução.
"O que está se modelando é uma concessão sendo planejada pelo BNDES, esse projeto está em concepção desde 2018, paralisou, mas foi retomado agora e é colocado como prioridade dentro do PAC", afirmou Raquel Lyra.
Estadualizar o sistema metroviário do Recife significa transferir a gestão pela operação e manutenção do metrô ao governo estadual.
Essa não é a primeira vez que Raquel fala sobre o assunto. Ainda candidata ao governo em 2022, a tucana já havia defendido a proposta de estadualização para tentar viabilizar a expansão e requalificação do serviço.
O site Jamildo.com acompanha de perto as reclamações de políticos e principalmente de usuários do transporte sob trilhos. De acordo com um levantamento feito pelo Blog do Jamildo, só no mês de junho, o metrô sofreu três paralisações do sistema, com intervalo de dias.
As constantes interrupções das operações prejudicam mais de 180 mil pessoas que dependem do transporte da Companhia Brasileira de Trens Urbanos.
Com uma extensão de 71 km, incluindo a linha Diesel-VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que atende de Cajueiro Seco até Cabo de Santo Agostinho, o metrô vive um cenário de panes elétricas causadas por roubos de fios, sistema de composições deficitário, superlotação além de falta de investimento.
Outro ponto muito citado pelos usuários que pagam R$ 4,25 de tarifa é a falta de segurança nas estações e composições.
A CBTU, responsável pelo metrô, informa que o investimento necessário para a estabilização do sistema é na ordem de R$ 1,7 bilhões. A companhia, inclusive, já encaminhou um projeto para o governo federal, orçando as principais e mais urgentes necessidades do sistema, São estimados R$ 866 milhões em investimentos diretos, e mais R$ 900 milhões para aquisição de nova frota de trens para substituição da atual.
O Sindicato dos Metroviários (Sindmetro-PE) decidiu entrar em greve a partir de 25 de julho devido à insatisfação com as ações do governo Lula (PT) para a requalificação do metrô Recife. A greve foi aprovada em assembleia no dia 9/07, e a paralisação pode durar 24 horas, 48 horas ou ser por tempo indeterminado.
O anúncio da greve ocorreu após a divulgação de um investimento de R$ 136 milhões do Programa Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Sustentáveis e Resilientes no Recife, que, segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), é insuficiente para estabilizar o sistema ferroviário, que necessitaria de R$ 1,7 bilhões.
O Sindmetro-PE, representado pelo presidente Luiz Soares, critica o diálogo ineficiente do Governo Federal e aponta a precarização do metrô como uma tragédia iminente.
Além das questões de requalificação, os metroviários exigem a retirada da CBTU do Programa Nacional de Desestatização (PND), estabelecido no governo Bolsonaro (PL), e a inclusão de uma tarifa social de R$ 2,00, visando beneficiar a população e aumentar o fluxo de passageiros. As negociações com o Governo Federal e a CBTU até o dia 25 de julho serão determinantes para a realização ou não da greve.
O site jamildo.com é editado pelo jornalista Jamildo Melo, que liderou o Blog de Jamildo no Jornal do Commercio (JC).
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