Plantão Jamildo.com | Publicado em 18/11/2025, às 17h34
Vereadora Kari Santos (PT) usou a tribuna da Câmara do Recife, nesta terça-feira (18), para criticar os dois projetos de lei enviados pelo Poder Executivo em regime de urgência. As propostas tratam da ampliação de incentivos fiscais do programa Recentro e da regulamentação da desapropriação por hasta pública para imóveis urbanos declarados de interesse público.
Durante o discurso, a parlamentar afirmou que as iniciativas representam “a entrega do centro da cidade à iniciativa privada”, sem participação popular no processo. “O centro do Recife está abandonado. A gente vê comércio fechado, ruas vazias, muito lixo e o número de moradores de rua aumentando. Mas não podemos resolver isso de qualquer jeito. O que não podemos é entregar para a iniciativa privada benefícios fiscais em detrimento da luta e do sofrimento daqueles que construíram a sua vida no centro”, disse.
Segundo ela, os projetos ampliam isenções tributárias e permitem operações urbanas que, em sua avaliação, podem resultar em processos de gentrificação. “A cidade do Recife não está à venda. Qualquer solução precisa ter respaldo do povo, e o povo não foi ouvido”, afirmou. A vereadora também questionou o modelo proposto: “Privatizar uma área inteira por 30 anos, permitindo que imóveis sejam comprados ‘a preço de banana’? Será que a cidade vai virar uma república de bananas?”.
Kari ainda citou impactos de concessões recentes. “Temos exemplos de privatização, a exemplo dos parques, com empresas espalhando bets por tudo que é lugar. É isso que acontece quando algo público é entregue. Vamos ficar olhando o centro com propagandas de bets, num país onde o vício de bets é o terceiro pior vício?”, declarou.
A parlamentar defendeu que a requalificação do centro inclua moradia e permanência da população local. “Essa solução vai expulsar os moradores no processo de gentrificação. Encarece os preços e empurra as pessoas para a periferia. Defendo que o centro seja revitalizado para que as pessoas possam morar”, afirmou.
O Projeto de Lei Ordinária enviado pela Prefeitura altera dispositivos da Lei Municipal nº 18.869/2021, que instituiu o programa Recentro. Entre as mudanças:
O texto também estabelece prazos, condições, exigências de comprovação de uso efetivo e regras para solicitação dos benefícios, que deverão ser feitas por meio da Secretaria de Finanças.
O segundo projeto regulamenta a desapropriação por hasta pública para imóveis urbanos declarados de interesse público. A proposta:
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