Por Lucas Tiné | Publicado em 02/12/2024, às 09h53 - Atualizado às 14h48
A PARTE QUE LHE CABE DESTE LATIFÚNDIO
Por Lucas Tiné, em artigo enviado ao site Jamildo.com
Ainda não completamos dois meses após as eleições municipais, e o clima de pré-campanha nos faz sentir que já estamos vivendo 2026.
As peças dessa partida de xadrez político já estão sendo mexidas, por alguns com tranquilidade, por outros com desespero, para assegurar a parte que acham que lhes cabe deste latifúndio, principalmente no que diz respeito ao Senado.
Gostem ou não de Raquel Lyra, ela protagonizou uma série de vitórias pelo estado que ligam o alerta para qualquer pessoa que pense em disputar contra ela nas próximas eleições, com destaque ao PSB.
Tomo como exemplo as vitórias que a governadora e seu grupo conquistaram nas cidades de Surubim e Salgueiro — ambas importantíssimas para o PSB — e em Caruaru, destacando também as vitórias acachapantes em Paulista e Olinda, onde o próprio pré-candidato informal ao governo, João Campos, se dedicou intensamente no segundo turno.
Também é preciso lembrar do resultado eleitoral em Jaboatão, onde o prefeito recifense apoiou explicitamente Elias Gomes (PT), que terminou em terceiro lugar. Resumindo, a governadora perdeu no maior colégio eleitoral do estado (Recife), mas ganhou no segundo, terceiro e quarto.
O mapa de cidades conquistadas pela governadora no interior lhe dá uma certa tranquilidade para tentar focar e surfar em sua construção na região metropolitana, assim como o prefeito do Recife precisará fazer o movimento contrário enquanto governa a nossa capital.
Mas o grande desafio dos dois talvez seja descobrir como acomodar os partidos aliados em suas bases para as próximas eleições.
João já brilha com uma popularidade que o faz atrair vários partidos, que buscam indicações para compor as duas vagas ao Senado. Do lado socialista, ele precisará escolher entre nomes como Marília Arraes (SD), que em 2022 terminou o segundo turno com mais de 2 milhões de votos, sendo naturalmente alçada ao posto de líder da oposição no estado, Silvio Costa Filho (Republicanos), Miguel Coelho (UB) — que já teve seu nome lançado pelo pai, Fernando Bezerra, durante a campanha municipal em Petrolina — e os atuais senadores Fernando Dueire (MDB) e Humberto Costa (PT).
Já Raquel conta com nomes como Armando Monteiro e Mendonça Filho, sendo que este último precisaria trocar de partido, já que perdeu o controle do União Brasil para a família Coelho, que hoje prioriza a construção de Miguel para a vaga.
Vale destacar que também se tenta construir a oficialização da entrada da governadora Raquel Lyra na base do governo Lula, o que possibilitaria ao presidente reeditar sua tática de palanque duplo no estado, como aconteceu em 2006.
Esse caminho poderia deixar o atual senador Humberto Costa mais tranquilo com a possibilidade de tentar garantir aquilo que crer ser sua parte deste latifúndio, seja em qual for o palanque.
Hoje, uma ala petista defende a permanência do partido na base do prefeito João, acreditando fielmente que uma das vagas ao senado será dada ao partido.
Seria essa a mesma ilusão que tinham sobre indicação da vaga de vice no Recife?
Cenas dos próximos capítulos.
Lucas Tiné é publicitário na área política
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