As chances de Tarcísio de Freitas suceder Bolsonaro

Jamildo Melo | Publicado em 05/12/2024, às 10h07 - Atualizado às 11h10

Tarcísio Gomes de Freitas é o atual governador de São Paulo - Foto: Agência Brasil
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O governador Tarcísio de Freitas é um nome bastante popular na direita atualmente.

Com dois anos na cadeira, Tarcísio é o candidato natural à reeleição em 2026, mas como Bolsonaro está inelegível, ele vem sendo cada vez mais apontado como possível presidenciável.

No programa Roda Viva, por exemplo, João Campos, questionado sobre Tarcísio, comentou que qualquer um que esteja sentado na cadeira de governador de São Paulo terá força e influência nacional.

Essa força política foi revelada, de forma inequívoca, nas eleições municipais.

Todos devem lembrar o papel decisivo que ele desempenhou para eleger Ricardo Nunes, quase atropelado pelo fenômeno Marçal.

Agora no mês de novembro, uma pesquisa da Paraná Pesquisas apontou que em São Paulo Tarcísio supera Lula na aprovação. 42% aprovam a gestão do petista e 54% desaprovam. Por outro lado, os eleitores de São Paulo dão 69% de aprovação e 27% de reprovação para ele.

Nesta quarta-feira, Tarcísio foi apontado como o candidato preferido do mercado financeiro para as eleições de 2026. Os números da pesquisa Quast impressionam.

Enquanto Caiado aparece com 9% das citações, e Zema 8%, Tarcísio de Freitas surge com 78% das citações, em uma resposta sobre quem deveria ser o candidato da Direita em 2026?

Nas simulações de segundo turno, com os agentes de mercado financeiro, Tarcísio bateria Lula por um placar de 93% a 5%. Maior até mesmo que Bolsonaro, que teria 80% contra Lula.

Pela pesquisa, Tarcísio de Freitas bateria Haddad com um placar de 93% a 6%.

Curiosamente, este percentual dele só diminui no cenário em que ele enfrenta Pablo Marçal, com 54% para o militar e 33% para o ex-coach.

Contra o governador Ronaldo Caiado, Tarcísio bateria o goiano pelo placar de 88% a 11%, segundo a pesquisa da Quaest.

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A confiança do mercado no governador paulista é tão grande que ele perde apenas para o atual presidente do Banco Central, Campos Neto, tido como muito confiável por 70% dos entrevistados. Tarcísio tem 69%, apenas um ponto percentual a menos. Zema de Minas Gerais é o terceiro, com 47% das citações.

O novo presidente do BC, indicado por Lula, Gabriel Galípolo, surge com apenas 5% de citações dos entrevistados sobre confiança do mercado.

Dá para imaginar o efeito de um convite para Campos Neto abraçar a política de uma vez e compor uma chapa com Tarcísio, nas eleições de 2026?

Como governador de São Paulo, Tarcísio tem se destacado nas redes sociais, liderando o ranking de popularidade digital entre os governadores.

No entanto, a escolha de um nome presidencial pode depender de diversos fatores, incluindo a opinião pública, o desempenho em cargos anteriores e a capacidade de mobilização.

Outros nomes também têm relevância e apoio dentro da direita, como o próprio Caiado e Zema.

Um dos seus desafios, caso Tarcísio realmente almeje o posto, é o de ir tocando a gestão sem arrumar briga com o clã dos Bolsonaro. Na política, em especial na Direita, existe um trauma, com os fantasmas de Joyce Hasselman e João Doria. Depois de atritos com o ex-presidente, os dois foram aniquilados.

A política é dinâmica e a popularidade pode variar.

Tarcísio tem até aqui a vantagem de poder ser apresentado como uma direita menos radical, menos troglodita e grosseira. Mas não pode errar.

Em São Paulo, neste momento, tem repercutido um caso escabroso, em Cidade Ademar, na zona sul de SP, onde testemunhas dizem que policiais militares impediram que o rapaz, atirado da ponte por um agente, recebesse socorro logo após a queda.

O editorial do Estadão de hoje destaca que, partindo deste e de outros casos de violência cometida por agentes, o secretário de Segurança de SP, Guilherme Derrite (foto no topo), que foi afastado da Rota, a elite da Polícia Militar, por desvio de conduta, deveria ser demitido pelo governador Tarcísio de Freitas:

"Não parece haver motivo para que o sr. Derrite puna maus policiais como ele um dia foi", afirma o Estadão no editorial "Brutalidade como política de segurança".

Quando até um veículo ultra conservador critica o governador, é que a coisa tá feia mesmo.

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