Sob reserva, críticos de Raquel Lyra sugerem que o uso da cor roxa seria uma forma de usar itens públicos para reforçar imagem eleitoral antes da eleição
por Cynara Maíra
Publicado em 10/12/2025, às 13h48 - Atualizado às 16h29
Oposição critica a cor roxa dos 182 veículos entregues pelo Governo de Pernambuco para políticas femininas.
Críticos associam o tom à identidade visual da campanha de 2022 de Raquel Lyra (PSD).
Opositores alegam "personalização" dos bens públicos em detrimento das cores da bandeira do estado.
O governo pode argumentar que o roxo/lilás é símbolo histórico e nacional do combate à violência contra a mulher e do Agosto Lilás.
A Lei das Eleições proíbe uso de bens públicos para promoção pessoal, mas exige prova de dolo eleitoral.
Logo após o Governo de Pernambuco divulgar a entrega de 182 veículos para os Organismos Municipais de Políticas para as Mulheres (OMPMs), nomes da oposição começaram a criticar a cor de destaque dos carros, que utiliza o roxo.
Sob reserva ao Jamildo.com, opositores sugeriram que o uso do tom seria uma forma de utilizar a entrega de itens públicos pelo Governo para reforçar a imagem eleitoral da governadora Raquel Lyra (PSD).
A crítica sugere que o governo estaria usando a máquina pública para reforçar a marca eleitoral de Raquel, apropriando-se de símbolos oficiais em favor da identidade da gestora.
Ao indicar que o azul da bandeira de Pernambuco, comum em veículos do estado, foi preterido em favor do roxo, a oposição aponta uma suposta "personalização" dos bens públicos, insinuando que os carros oficiais deixaram de representar o Estado para representar a candidatura.
A gestora utilizou durante a eleição de 2022 a cor roxa como sua marca registrada. Raquel também mantém o uso em seu perfil individual, com o roxo e o rosa na cor das legendas e em sua logomarca.
O site ouviu dois advogados e o episódio divide opiniões. Um deles comentou, sob reserva, que não via problema, uma vez que não seria toda a frota, mas uma quantidade relacionada à ação da secretaria.
"Isso é muito subjetivo, mas certamente eles (Estado) se colocam em alvo de críticas. Não tem roxo na bandeira de Pernambuco", afirma um segundo advogado.
Durante o pleito passado, apoiadores de Raquel Lyra se vestiram com roupas roxas, lilases ou rosas no dia da votação e durante a campanha.
A Lei das Eleições veda o uso de bens públicos para beneficiar candidaturas, mas a jurisprudência costuma exigir prova de que a padronização de cores teve intuito eleitoral ou de promoção pessoal em contexto de disputa, não mera opção estética ou continuidade de padrão antigo.
O Jamildo.com procurou a Secretaria da Mulher, a Secretaria de Defesa Social e a Secretaria de Comunicação sobre a alegação. Quando houver um retorno, essa matéria será atualizada.
Apesar das especulações, a cor roxa também tem vínculo com a temática de combate à violência contra a mulher, tópico no qual os veículos estão relacionados. Essa tonalidade é um símbolo da luta pelo direito feminino, desde seu uso pelo movimento sufragista, que reivindicava o voto feminino no início do século XX.
Também durante as décadas de 1970 e 1980, o roxo era utilizado como uma mistura entre o rosa, símbolo estereótipo para o gênero feminino, e o azul, para o masculino, como um símbolo da reivindicação da igualdade entre gêneros.
Essa tonalidade, inclusive, representa nacionalmente o combate à violência contra a mulher, como o caso do Agosto Lilás, mês de combate à violência doméstica.
Durante a aprovação do projeto que inseriu a data oficialmente no calendário brasileiro, a lei determinava que os prédios públicos federais fossem iluminados com a tonalidade durante o mês de agosto.
O Ministério das Mulheres também utiliza o roxo como cor principal em suas campanhas.