Durante protesto no Recife, militantes do MST são atropelados; grupo consegue encontro com Raquel e Incra

Protesto do MST no Recife envolveu atropelamento de militantes, encontro com órgãos do Governo Raquel Lyra e do Incra e percurso ao longo da cidade

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 16/04/2025, às 06h47 - Atualizado às 07h47

MST fez protesto no Recife na terça (15) - andersonstevens- viniciusrodrigues.arte/reprodução Instagram Rosa Amorim
MST fez protesto no Recife na terça (15) - andersonstevens- viniciusrodrigues.arte/reprodução Instagram Rosa Amorim

Dois militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram atropelados na manhã desta terça-feira (15) durante a Marcha em Defesa da Reforma Agrária e da Democracia, realizada no Recife como parte da Jornada Nacional de Lutas conhecida como Abril Vermelho.

A mobilização partiu da Praça da Chesf, na entrada da cidade, e seguiu em direção ao centro da capital.

O atropelamento ocorreu na Avenida Engenheiro Abdias de Carvalho, nas imediações do Compaz Ariano Suassuna, bairro dos Torrões.

Um dos militantes feridos, Gideone Sinfrônio de Menezes Filho, de 67 anos, sofreu traumatismo craniano e foi levado inicialmente à UPA dos Torrões. Posteriormente, ele foi transferido para o Hospital da Restauração, onde permanece em coma.

O outro atingido, Samuel Scarponi, dirigente estadual do MST, teve escoriações no braço e passa bem.

Segundo o movimento, o condutor do veículo que atingiu os manifestantes não prestou socorro e deixou o local sem ser identificado.

A placa do carro foi anotada por testemunhas e repassada à polícia, que realiza diligências para localizar o motorista.

A marcha, autorizada pela Autarquia de Trânsito do Recife (CTTU) e acompanhada por equipes da Polícia Militar, seguia um trajeto previamente informado às autoridades.

O MST classificou o atropelamento como um episódio de intolerância e violência contra o direito à livre manifestação. A Polícia Civil deve apurar se houve intenção no ato ou se se trata de um acidente.

Durante a mobilização, a deputada estadual Rosa Amorim (PT), presente no protesto, falou sobre o caso nas redes.

Estamos tomando as medidas cabíveis para que o responsável seja identificado e responsabilizado pelos seus atos. Não permitiremos que o ódio faça mais vítimas”, escreveu.

MST se encontra com Incra, MDA e Governo Raquel Lyra

A manifestação desta terça integrou uma agenda maior do MST em Pernambuco, com protestos e reuniões junto a órgãos públicos.

Durante o dia, representantes do movimento entregaram pautas ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

As reuniões tinham como foco o pedido pela criação de assentamentos e infraestrutura básica para famílias que vivem em acampamentos.

Participaram da mesa de negociação, além de lideranças do MST, a deputada estadual Dani Portela (PSOL), os deputados estaduais João Paulo e Doriel Barros (ambos do PT) .

No final da tarde, o grupo foi recebido por representantes do Governo de Pernambuco no Palácio do Campo das Princesas. Estiveram presentes os secretários estaduais Túlio Vilaça (Casa Civil) e Cícero Moraes (Desenvolvimento Agrário).

O deputado federal Carlos Veras (PT) também integrou o encontro junto com João Paulo, que acompanhou ambas as tratativas. A vereadora Jô Cavalcanti (PSOL) também compareceu. 

Entre as demandas discutidas, estavam:

  • O assentamento de cerca de 16 mil famílias
  • Repasse de recursos para escolas, unidades de saúde e estradas em áreas ocupadas
  • Implementaçaõ de políticas para agroecologia e produção de alimentos saudáveis.

Segundo o MST, a governadora Raquel Lyra (PSDB) indicou disposição para seguir com o debate junto às secretarias e com o Incra.

A Jornada Nacional de Lutas do movimento segue até o dia 17 de abril com novos atos programados em diferentes regiões do estado e em todo país.