Esposa e irmão de Wanderson Florêncio entraram no Governo do Estado semanas depois do político assumir como deputado na Alepe
por Jamildo Melo
Publicado em 15/05/2025, às 15h15 - Atualizado às 15h38
Sem alarde, o deputado estadual Wanderson Florêncio apresentou proposta na Assembelia Legislativa para incluir o nome de "Fernando Soares Lyra no Livro do Panteão dos Heróis e das Heroínas de Pernambuco".
Fernando Soares Lyra é tio da governadora Raquel Lyra (PSD).
"A indicação de Fernando Soares Lyra ao Livro do Panteão dos Heróis e das Heroínas de Pernambuco – Fernando Santa Cruz encontra amparo em sua trajetória exemplar, que incorporou feitos significativos ao acervo cultural, social, econômico, paisagístico e intelectual do Estado", justifica Wanderson.
Wanderson Florêncio é um dos maiores defensores da gestão de Raquel Lyra na Assembleia Legislativa, conforme apura o site Jamildo.com.
O parlamentar assumiu como deputado em 2025, após mudanças na Assembleia decorrente das eleições municipais.
Semanas após Wanderson Florêncio assumir como deputado, no início do ano, o Governo do Estado nomeou a esposa e o irmão do parlamentar para cargos em comissão.
O irmão Ebinho Florêncio foi nomeado para o cargo em comissão, sem concurso, de gestor do Centro Esportivo Santos Dumont.
Já a esposa de Wanderson Florêncio, Sávia, foi nomeada como gestora do Parque Dois Irmãos, do Estado. A nomeação gerou protestos.
Em uma carta aberta endereçada à secretária de Meio Ambiente, Ana Luiza Ferreira, o Conselho Gestor do Parque Estadual de Dois Irmãos solicitou a revogação da exoneração da gestora anterior, Marina Falcão, que estava no cargo desde maio de 2023.
Nascido em Recife, em 8 de outubro de 1938, Fernando Soares Lyra veio de uma família tradicional pernambucana. Filho de João Soares Lyra Filho e Guiomar Fonseca Farias Lyra, desde cedo desenvolveu sensibilidade social. Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Caruaru, em 1964, e atuou como advogado antes de ingressar na política, onde consolidou uma forte base jurídica e compromisso com a justiça.
Em 1966, foi eleito deputado estadual pelo MDB, iniciando uma trajetória parlamentar marcada pela defesa dos direitos individuais e coletivos durante o regime militar. Posteriormente, foi eleito deputado federal por seis mandatos consecutivos, destacando-se em debates essenciais sobre a redemocratização e as liberdades civis.
Em 1971, ajudou a fundar o grupo dos "Autênticos do MDB", que se tornou referência na oposição à ditadura. Nomeado Ministro da Justiça entre 1985 e 1986, por indicação de Tancredo Neves, reforçou os mecanismos de proteção aos direitos humanos e incentivou a participação cidadã na construção do Estado democrático.
Ao longo de sua trajetória, Lyra se aproximou dos movimentos de centro-esquerda, chegando a ser candidato a vice-presidente na chapa de Leonel Brizola em 1989. Até 1998, atuou como suplente de deputado, sempre guiado pela ética e pela defesa das causas sociais.
Entre 2003 e 2011, presidiu a Fundação Joaquim Nabuco, onde promoveu o fortalecimento do patrimônio cultural pernambucano por meio de pesquisa, preservação e difusão da história regional. Também desempenhou papel decisivo nas campanhas de Eduardo Campos à Prefeitura do Recife e ao Governo de Pernambuco, contribuindo para projetos voltados ao desenvolvimento e à inclusão social.
Sua indicação ao Livro do Panteão dos Heróis e das Heroínas de Pernambuco – Fernando Santa Cruz é mais do que merecida. Lyra deixou um legado marcante na redemocratização do país, na defesa dos direitos humanos e na valorização do patrimônio cultural e histórico. Sua dedicação ao serviço público, sempre pautada pela justiça social e pela luta por um Pernambuco mais justo e solidário, faz dele uma figura indispensável na memória política e cultural do estado.