Edson Rodrigues é o arquiteto do Frevo moderno e acaba de ser nomeado como patrimônio vivo de Pernambuco, pelo governo Raquel Lyra
Nilo Otaviano e Maestro Ademir | Publicado em 08/08/2025, às 08h06 - Atualizado às 08h20
Por Nilo Otaviano e Maestro Ademir, em artigo especial enviado ao site Jamildo.com
O Instituto Brasileiro do Frevo (IBF) vem a público celebrar, com imensa alegria e profundo respeito, a justa e, por muito tempo, aguardada nomeação do maestro Edson Rodrigues como Patrimônio Vivo de Pernambuco, ocorrida nesta quarta-feira, 6 de agosto de 2025.
Esta escolha representa um marco fundamental para a política de salvaguarda do nosso patrimônio imaterial. Mais do que uma homenagem, é um ato de justiça poética, a correção de uma incompreensível omissão histórica que, agora, se desfaz em um suspiro de alívio para todos que amam e vivem a nossa cultura.
Ao reconhecer oficialmente a genialidade de Edson Rodrigues, o Estado de Pernambuco não apenas homenageia um artista de trajetória monumental, mas também fortalece a própria essência do Frevo, valorizando sua sofisticação, sua complexidade técnica e sua inesgotável capacidade de evolução.
E o simbolismo se torna ainda mais potente ao sabermos que a indicação partiu do Bloco Lírico Cordas & Retalhos. Louvamos imensamente esta iniciativa, pois ela materializa o princípio mais nobre da salvaguarda: o protagonismo da comunidade detentora. É a prova de que o reconhecimento verdadeiro emana de quem vive e respira a cultura no dia a dia, nas ruas, nos ensaios, na alma.
Para compreender a dimensão deste título, é preciso conhecer o homem por trás do maestro.
Edson Rodrigues é o arquiteto do Frevo moderno. Falo do homem que, seguindo à risca o conselho da avó para "estudar e ser alguém na vida", não se contentou com uma, nem duas, mas três formações universitárias.
É o gênio que rege uma orquestra de Frevo com a mesma intimidade com que toca um jazz digno de Nova Orleans no seu saxofone, ou compõe um mambo que faria Pérez Prado pedir a partitura. Seus arranjos são obras-primas que desafiam e inspiram orquestras, moldando a sonoridade do Frevo das últimas décadas.
Sua atuação como educador no Conservatório Pernambucano de Música e como regente da inesquecível Banda Sinfônica do Recife deixou um legado imensurável, formando gerações de músicos e criando um acervo que precisa ser urgentemente pesquisado, preservado e difundido como parte vital da nossa memória musical.
Sua genialidade se revela nos detalhes: na forma como improvisa, melhorando o que já parecia perfeito; na generosidade com que ensina e compartilha seu saber.
A nomeação de Edson Rodrigues como Patrimônio Vivo é uma vitória para todos nós. Contudo, é preciso dizer: o título não engrandece o Maestro, pois ele já é um gigante.
Somos nós, pernambucanos, que nos engrandecemos por, finalmente, sabermos reconhecer e celebrar oficialmente um dos nossos maiores e mais brilhantes tesouros.
Para o Instituto Brasileiro do Frevo, esta chancela significa ter um de nossos pilares blindado como herança de nosso estado, impulsionando nossa missão de proteger e difundir um Frevo que é, ao mesmo tempo, popular e erudito, tradicional e inovador.
Parabenizamos o Maestro Edson Rodrigues, sua família - em especial sua esposa Valéria - o Bloco Lírico Cordas & Retalhos e o Governo de Pernambuco por esta decisão histórica.
Que este reconhecimento inspire novas ações e garanta que a sabedoria e a arte do nosso novo Patrimônio Vivo continuem a ecoar, a formar e a definir o futuro grandioso do Frevo. A festa, meu amigo Edson, é toda nossa. E ela está apenas começando!
Nilo Otaviano e Maestro Ademir Araújo - Presidente e vice-presidente do Instituto Brasileiro do Frevo (IBF) e membros do Comitê Gestor da Salvaguarda do Frevo