Fim de incentivos fiscais e reconstrução no Rio Grande do Sul podem explicar perda da Antiga Coperbo

Rio Grande do Sul será reconstruído após a tragédia das chuvas e demandará volume excepcional de produção nas cadeias de insumo, como borracha sintética

Jamildo Melo

por Jamildo Melo

Publicado em 07/08/2024, às 00h16

A Coperbo fica na cidade do Cabo de Santo Agostinho - reprodução
A Coperbo fica na cidade do Cabo de Santo Agostinho - reprodução

No meio empresarial do Estado, o fechamento da antiga Coperbo, no Cabo, símbolo da industrialização do Estado, na década de 60, revelado pelo Blog do Jamildo, causou surpresa, embora a empresa já desse sinais neste sentido. Ofechamento da unidade coloca 2,5 mil empregados em um processo de demissão em massa. Os trabalhadores estarão em assembleia nesta quinta 08 de agosto, das 10 às 12, no Sindicato dos Bancários.

Na mão de capitais árabes, a empresa se chama hoje em dia de Arlanxeo Cabo de Santo Agostinho. O encerramento das atividades produtivas foi feito pelo gerente Ângelo Brasil.

A reportagem apurou que o fechamento da fábrica ocorre no momento em que os benefícios fiscais estão se vencendo. As empresas, no Prodepe, o programa de incentivos fiscais, ganham direito a redução de impostos, por um período, para operar no Estado e gerar emprego. Aqui, no entanto, não haveria problemas, uma vez que os benefícios fiscais poderiam ser facilmente renovados. É prática comum dos estados, seja à esquerda, seja à direita, comprar empregos com renúncia fiscal.

"Que vergonha. Tem que investigar os benefícios fiscais concedidos pelo Prodepe e isenções do IPTU municipal também. Esse papo de redução de mercado e altos custos é velho", reagiu o ex-deputado federal Paulo Rubem Santiago, ao tomar ciência do fechamento pelo Blog do Jamildo.

Na conformação do grupo, eram três unidades fabris: Caxias (RJ) como sede, a unidade de Triunfo no Rio Grande do Sul e a do Cabo de Santo Agostinho aqui em Pernambuco. Só vão fechar a unidade local.

O que se deduz da realidade dos fatos nacionais e também se ouviu no meio empresarial é que a Arlanxeo Cabo teve que realizar uma escolha de sofia.

Neste caso, a regionalidade pode ter sido um fator decisivo. Toda a diretoria da indústria era oriunda do Rio Grande do Sul. Entre Pernambuco e Rio Grande do Sul, escolheram o segundo estado, ainda mais levando-se em conta as expectativas de produção e lucros com toda a operação de reconstrução do Estado, depois da tragédia das chuvas.

A empresa já vinha dando sinais de uma eventual saída reduzindo a compra de insumos locais.

Notas fiscais por bonus da empresa

"A indústria começou em 1959 com a troca de notas fiscais por bônus BS (borracha sintética) no governo de Cid Sampaio. Cada certa quantidade de bônus podia ser trocada por ações da empresa", lembra o jornalista e imortal da Academia Pernambucana de Letras (APL) Ângelo Castelo Branco.

@blogdojamildo