Grupo LIDE apresenta proposta de transformação do transporte de massa no Recife com a estadualização do metrô
por Jamildo Melo
Publicado em 10/06/2024, às 20h20
O empresário Avelar Loureiro Filho, presidente do comitê de mobilidade urbana do grupo empresarial LIDE (Lideres Empresariais Pernambuco), em uma segunda rodada de negociação, terá uma nova reunião com o governo do Estado, na Casa Civil, para apresentar um revolucionário projeto de transporte de massa para a região metropolitana do Recife.
O projeto prevê uma inédita integração dos sistemas de ônibus e metrô e a construção de vias aéreas para interligação espacial dos bairros mais populosos do Grande Recife, como já feito na cidade de Salvador.
"Nós não fazemos nada novo desde há década de 40. Primeiro veio as vias, depois os ônibus, depois o BRT, mas acima de 2 milhões de habitantes uma cidade só funciona se tiver metrô. O nosso, para piorar, não liga nada com coisa alguma. Ele não existe na prática porque é ao nível do solo, ajudando a isolar as partes da cidade, a partir de linhas férreas já existentes. Tinha que ser aéreo. E insistimos com os mesmo modais, equivocadamente. Temos que ter um modelo integrado e com os modais corretos", explica o empresário, ao blog de Jamildo.
"O modelo a ser seguido é o modelo de integração dos modais de metrô e ônibus que foi criado em Salvador. Salvador está bem adiantado porque um dia eles ousaram começar. Temos que começar e voltar a sonhar com qualidade de vida maior. O primeiro passo é a estadualização do Metrô, pelo governo do Estado".
O modelo já foi apresentado ao secretário de Planejamento do Estado, tendo sido bem aceito.
"Ele percebeu as vantagens econômicas e sociais. Hoje, damos subsídio para as passagens, mas sabemos que estamos enxugando gelo, porque não resolve. O BRT chega até o Tacaruna e nem se liga ao Metrô do Recife, que chega até a Joana Bezerra. Com um fluxo acima de 100 mil pessoas só funciona com Metrô. Hoje temos um fluxo de 250 mil pessoas na Agamenon Magalhães. Como isto funciona sem integração? Nós temos uma vantagem porque um metrô a aéreo por cima do canal não precisaria nem fazer desapropriação (que encareceria a obra)", explica.
O empresário defende que a simples privatização do Metrô do Recife não resolveria o problema dos transportes porque o sistema continuaria sem sustentabilidade.
"Só traria ônus ao Estado, que já não tem receitas. Não iria funcionar. Caso ocorra a estadualização, com o modelo certo, a iniciativa privada poderia entrar e buscar as receitas com a expansão progressiva vinda da integração", avalia.
De acordo com o projeto de integração, desenhado com a ajuda da técnica aposentada da CBTU Sandra Holanda, o primeiro trecho compreenderia a Agamenon Magalhães, ligando a Joana Bezerra até o Tacaruna, por cima do canal da via.
O segundo trecho ligaria a Joana Bezerra até o shopping Guararapes, usando o canteiro central da Domingos Ferreira. O terceiro trecho ligaria A Agamenon Magalhães até a estação da Macaxeira, em Casa Amarela, pelo canteiro central da Avenida Norte.
"Temos a vantagem de já termos os canteiros centrais feitos lá atrás. Com esses corredores de transporte, já dados, haveria a integração de bairros populosos como Casa Amarela, Encruzilhada, Afogados, até o centro do Recife" cita como exemplo.
>>> Novo PAC garante investimentos de R$ 5,5 bi para Universidades Federais
Para que toda a integração pudesse sair do papel, os custos são estimados em cerca de R$ 10 bilhões, em 20 anos, a serem bancados pela própria iniciativa privada. Avelar Loureiro avalia que os custos não são elevados se se considerar que hoje o estado paga R$ 360 milhões por ano com subsídios ao sistema de ônibus, sem solução a curto e médio prazo.
Nas conversas com o governo do Estado, o LIDE pediu apenas que o governo do Estado banque os estudos econômicos e financeiros do projeto, de modo que se possa reduzir o grau de incerteza para os investidores privados.
"Diminuindo a incerteza, mais empresas podem investir no projeto, com mais segurança, já que tem-se o domínio dos trechos já prontos", afirma.
"Nos estimamos que (tomada a decisão política) em três anos podemos licitar o projeto como um todo. Hoje, não haveria interesse no projeto porque não há demanda nova. Se se conceder, as empresas teriam a incumbência dos investimentos, do contrário não teriam a expansão da demanda e as receitas advindas dela. Mais: nós estimamos que os trechos apresentados como principais podem resolver 70% do problema, com 30% do investimento total"
"Neste novo modelo, o sistema de ônibus não sai prejudicado, ele sai fortalecido. Podem transportar mais gente, com melhoria do sistema e qualidade no serviço. Hoje, com a diminuição de receitas, eles são os mais prejudicados", afirma.
Texto publicado originalmente no Blog de Jamildo e no Linkedin
@blogdojamildo