MP Eleitoral tem procedimento para analisar a realização do show milionário de Safadão em Ipojuca
por Jamildo Melo
Publicado em 03/09/2024, às 13h22
Um cidadão protocolou uma representação, no Ministério Público Eleitoral, contra a realização de um show de Wesley Safadão, já contratado pela Prefeitura de Ipojuca para ser realizado em 28 de setembro, na cidade do litoral Sul de Pernambuco.
O site Jamildo.com confirmou no portal da transparência o empenho do valor, pela Prefeitura de Ipojuca, para o pagamento da empresa que administra a carreira do cantor de renome nacional.
O show previsto para o pátio de eventos da cidade também já está sendo divulgado em perfis de redes sociais de Ipojuca e região.
Segundo o empenho da Prefeitura, a gestão municipal justificou a contratação do show para celebrar a "Festa do Padroeiro São Miguel".
A denúncia, contudo, diz que em 2023 a Prefeitura não contratou nenhuma celebração do porte para a Festa, havendo na denúncia a suspeita de que a contratação teria supostamente objetivo de favorecer grupo político nas eleições municipais, marcadas para 6 de outubro, poucos dias depois da Festa.
"Com efeito, no ano de 2023, quando não havia eleições, a Prefeita não promoveu qualquer festividade pagã, limitando-se às celebrações religiosas tradicionais, ou seja, de caráter estritamente religioso e sem realizar qualquer programação cultural adicional", argumenta a denúncia.
A atual prefeita Célia Sales apoia na eleição a candidata Adilma Lacerda (PP).
"Alinhada com seu padrão de comportamento eleitoral e de valer-se da coisa pública para proveito nada altruístico, a Prefeita promoveu a contratação do renomado cantor Wesley Safadão para ser a atração principal da festa pagã em homenagem a São Miguel, tudo isso a um custo exorbitante de R$ 900.000,00 (novecentos mil reais)", cita a denúncia no Ministério Público.
O caso já está sob análise do Ministério Público Eleitoral e poderá ter desfecho nos próximos dias.
Em Carnaubeira da Penha, no sertão do Estado, o Ministério Público Eleitoral conseguiu a suspensão liminar do show de Amado Batista, previsto para 1° de outubro. A denúncia, na ocasião, partiu do procurador Cristiano Pimentel, do Ministério Público de Contas de Pernambuco.
A Justiça Eleitoral considerou, na decisão, que o show causaria "irreparável dano à Democracia".
"Determino ao Representado que se abstenha de realizar o show objeto da presente Representação, sob pena do pagamento de multa no valor de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais). A proibição de promover o show se estende aos agentes públicos ligados à atual gestão, sob pena da multa no valor acima estabelecido", disse a juíza eleitoral, na ocasião.
Wesley Safadão já teve outros shows contratados por prefeituras suspensos, pelo alto valor do cachê, que costuma ser até superior a R$ 1 milhão por show.
Em outubro de 2023, o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) suspendeu o show do cantor que seria realizado na cidade de Zé Doca. Na ocasião, o cachê era de R$ 700 mil, menor que o de Ipojuca. O desembargador do TJMA, na ocasião, entendeu que "faltava razoabilidade na seleção das prioridades para utilização das verbas públicas".
Em abril de 2022, por sua vez, foi o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins, que suspendeu um show do cantor Wesley Safadão em Vitória do Mearim, também no Maranhão. Na ocasião, o ministro Humberto Martins entendeu que ficou demonstrada a "incompatibilidade entre a despesa com a contratação do evento e a realidade orçamentária do município maranhense". Neste caso, o cachê era de apenas R$ 500 mil, também inferior ao cachê previsto em Ipojuca.
Fica aberto o espaço à Prefeitura e à candidata, caso queiram apresentar informações.
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