Com imagens de arquivo e depoimentos inéditos, o longa mostra como Dom Helder Câmara transformou fé em ação política e social no Brasil
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 19/06/2025, às 12h18
Com direção de Camilo Cavalcante e César Rocha, Utopias Peregrinas: Dom Helder Câmara estreia no canal Curta!, nesta sexta-feira, dia 20 de junho, às 22h, dentro da faixa temática Sextas de História e Sociedade. O filme apresenta a trajetória do ex-arcebispo de Olinda e Recife, que foi indicado quatro vezes ao Prêmio Nobel da Paz e tornou-se símbolo da luta contra desigualdades sociais no Brasil.
Viabilizado por meio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), o documentário foi produzido pela Alumia Filmes e reúne imagens de arquivo, registros históricos e depoimentos inéditos de nomes como padre Júlio Lancelotti, Teresa Duere (fundadora do Instituto Dom Helder Câmara), a teóloga Ivone Gebara e o monge Marcelo Barros.
Dom Helder é retratado como um líder que se desafiou e transformou ao longo da vida. De figura próxima ao conservadorismo católico nos anos 1930, quando fez parte da Ação Integralista Brasileira, ele se reposiciona na década de 1950, após organizar o Congresso Eucarístico Internacional e se deparar com a realidade social das periferias do Rio de Janeiro.
O longa também aborda o papel do arcebispo na defesa dos Direitos Humanos durante a Ditadura Militar, quando se tornou alvo de censura e perseguição. Embora não tenha vencido o Nobel, sua influência perdura em iniciativas populares e na atuação de movimentos sociais.
“O principal legado de Dom Helder é não naturalizar a fome, a miséria, a desigualdade. É chamar de injustiça o que é injustiça”, afirma o pastor e deputado Henrique Vieira, em um dos trechos do filme.
Além do canal Curta!, o documentário também estará disponível na plataforma CurtaOn – Clube de Documentários, acessível via Prime Video Channels, Claro TV+ e CurtaOn.com.br.
Dom Helder Câmara foi arcebispo de Olinda e Recife entre 1964 e 1985 e se destacou por sua atuação em defesa dos direitos humanos, da justiça social e da paz. Nascido em Fortaleza, em 1909, iniciou sua trajetória religiosa como padre em 1931. Durante as décadas seguintes, participou ativamente da vida pública da Igreja, inclusive no Concílio Vaticano II, e passou a defender uma Igreja mais próxima dos pobres.
Ao longo de sua trajetória, tornou-se uma das vozes mais críticas à desigualdade social e à violência institucional no Brasil, especialmente durante a ditadura militar. Foi cofundador da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e criou projetos como a Cruzada São Sebastião, em 1956, voltada para habitação popular e faleceu em 1999, aos 90 anos, no Recife.