Jamildo Melo | Publicado em 03/08/2024, às 17h44
Na sua apresentação como candidato do PSD no Recife, o ex-secretário de Turismo de Raquel Lyra Daniel Coelho acusou o adversário João Campos de escolher o vice (Victor Marques) pensando em manipular as eleições no Recife.
"Hoje está nítido que João Campos não quer governar a cidade e tem um projeto de poder. O projeto dele é outro. A claque (aliados) dele vai pelo interior vaiar Raquel e gritar o nome João Campos governador", disse.
Na mesma linha, no mesmo discurso, ao lado da governadora Raquel Lyra (PSDB), o ex-tucano usou a vice de sua chapa, Mariana Melo, para criticar o PSB e o PC do B, que indicou Victor Marques para a vice.
"Mariana tem uma responsabilidade imensa nestas eleições. Ela está aqui pelo mérito dela. Não está na chapa para obedecer a Raquel ou a Priscila. Mariana não é marionete, nem fantoche, para que venham para cima e dizer o que ela vai fazer", afirmou Daniel, em uma fala que pode ser interpretada como provocação a Victor Marques.
"Ela (Mariana Melo) não está aqui por ser amiga de infância (Victor Marques foi chefe de gabinete de João Campos). Nas chapas deste ano, todos terão igualdade de gênero (um homem e uma mulher) e só o prefeito João Campos não acha isto importante. E não foi por falta de opções porque haviam outras mulheres disponíveis (para o posto de vice)"
Em um ataque mais direto a João Campos, Daniel Coelho acusou o prefeito de oportunista.
"Há quatro anos, ele colocou uma mulher (na vice, Isabela de Roldão, do PDT), uma vez que as mulheres são maioria na sociedade. Agora, ele chama o amigo de prédio, em um projeto que agride a história do Recife. João Campos usou a força da mulher por conveniência (lá atrás) e nos chamamos uma mulher por respeitar as mulheres. Mais do que isto, com orgulho, sou liderado por duas mulheres (Priscila e Raquel)", declarou.
Neste final de semana, a própria Isabela de Roldão, do PDT, informou que ficaria neutra nas eleições do Recife. Questionado, Daniel minimizou. "Eles que perderam, não nós, uma vez que o PDT sempre esteve com eles (PSB)", observou.
Ao ser questionado se a governadora Raquel Lyra não teria demorado para definir o apoio no Recife, o agora candidato criticou o PSB mais uma vez. "Não se pode tirar (comparar) Raquel pelas outras pessoas. Ela estava cuidando das pessoas. João é que nem entrou nesta eleição (municipal) e já está pensando nas eleições de 2026. Ela vai dar este apoio de forma republicana, fora do expediente", afirmou.
Afiado, Daniel Coelho soube usar até mesmo a escolha por João Campos do brega-funk para embalar sua campanha de reeleição à Prefeitura do Recife. "Não é sobre música, tem que valorizar (as manifestações culturais) mas nem tudo é festa. Não consigo fazer festa quando temos cerca de 150 mil pessoas vivendo com menos de R$ 300 por mês. Alguém se sustenta com isto? Nunca vi o prefeito falar muito. O prefeito daqui se esconde dos problemas", comparou.
"A desigualdade no Recife é um problema crescente. Não éramos a segunda capital mais desigual no Brasil, isto é produto deles (PSB). Não tenho problemas em reconhecer avanços, como tivemos com João Paulo, mas o que temos hoje é um governo elitista, que deixou as áreas de periferia. Tinham que fazer habitação popular, mostrar sensibilidade social e não só fazer escadaria. Agora, no discurso deles cabe tudo"
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