Plantão Jamildo.com | Publicado em 09/10/2025, às 20h21
As trajetórias de mulheres que deixaram marcas na formação histórica e cultural de Pernambuco são reunidas no livro Genealogia da Mulher Pernambucana — das origens à primeira metade do século 20, da pesquisadora, advogada e poeta Andrea Almeida Campos. A obra será lançada nesta sexta-feira (10), às 19h, no estande da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), durante a 15ª Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, no Centro de Convenções, em Olinda.
O livro é uma homenagem à escritora Edwiges de Sá Pereira, primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Pernambucana de Letras e pioneira na Associação da Imprensa de Pernambuco (AIP). A publicação reúne mais de 15 perfis biográficos e verbetes de mulheres que contribuíram para o desenvolvimento político, literário, científico e social do estado. Entre elas estão Dona Brites de Albuquerque, Dandara dos Palmares, Bárbara de Alencar, Hermina de Carvalho Menna da Costa e Fédora do Rêgo Monteiro.
Editado pela Conhecimento Editora, o volume tem 120 páginas e será vendido por R$ 50. A obra conta com apoio institucional da Fundaj, que abriga parte do acervo de manuscritos, discursos e livros raros consultados pela autora ao longo de mais de uma década de pesquisa.
“Esta não é uma pesquisa exaustiva, mas um ponto de partida. Uma tentativa de trazer à luz mulheres que ocuparam lugares essenciais da história de Pernambuco”, afirmou Andrea Campos. “A ideia é despertar novas pesquisas e inspirar outras pessoas a conhecerem e valorizarem essas trajetórias”, completou
A sessão de lançamento contará também com a participação da professora doutora Alexandrina Sobreira, pesquisadora titular da Fundaj, que debaterá a obra com a autora.
A origem do projeto remonta a 2010, quando Andrea recebeu da sobrinha de Edwiges de Sá Pereira, Hebe de Sá Pereira, um exemplar do raro livro Pernambucanas Illustres, de Henrique Capitolino, publicado em 1879 e dedicado à própria Edwiges.
“Senti que estava diante de uma missão. A partir dali, comecei a reunir nomes e histórias de mulheres que, como ela, moldaram o pensamento e a cultura de Pernambuco”, contou Andrea, que é sobrinha-bisneta da homenageada.
O projeto amadureceu com o tempo e ganhou novo impulso em 2015, quando Andrea foi convidada pela Comissão da Mulher Advogada da OAB-PE para discursar na cerimônia da Medalha do Mérito Heroínas de Tejucupapo. O texto apresentado na ocasião se transformou na base do livro.
Durante o período em que atuou como pesquisadora visitante na Universidade Paris 8, no Laboratoire d’Études de Genre et de Sexualité (LEGS), em 2023, Andrea retomou o manuscrito e aprofundou o estudo. Ao retornar ao Brasil, concluiu a obra com apoio da Fundaj, onde realizou consultas no Centro de Documentação e Pesquisas Sociais.
“O acervo da Fundaj me permitiu acessar documentos e nomes de mulheres que estavam praticamente esquecidas. Foi um trabalho de reconstituição da presença feminina nos espaços históricos, literários e institucionais de Pernambuco”, explicou a autora.
Atualmente, Andrea Campos é pesquisadora de pós-doutorado da Fundaj e professora colaboradora da Escola Superior do Ministério Público da União. Ela é autora de outros livros, como Estupro no Brasil e O Que Não Quer a Mulher: Estudos em Direito, Literatura e Psicanálise.
Com Genealogia da Mulher Pernambucana, a autora reafirma seu propósito de preservar a memória feminina e reconhecer a mulher como agente histórico. O lançamento integra a programação da Fundaj na Bienal, que nesta edição destaca o protagonismo feminino e o incentivo à pesquisa sobre identidade e memória.
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