Jamildo Melo | Publicado em 19/11/2025, às 13h34 - Atualizado às 14h00
O diretor-presidente do complexo de Suape, Armando Monteiro Bisneto, reafirmou, na sexta-feira passada, em evento oficial no Recife, que empresas do novo polo energético em montagem por lá, com capitais internacionais, deverão produzir e-metanol usando insumos provenientes da cana-de-açúcar e dos aterros sanitários.
"Sabe essas usinas de hidrogênio verde anunciadas pelo Nordeste? Elas não vão acontecer... mas as nossas vão sair do papel. Os nossos projetos estão homologados e geram responsabilidade. Já temos licenças ambientais e licenças de construção (para a fabricação do e-metanol)", comparou Armando Bisneto.
"Além disto, as empresas Europiam Energy e Go Verde já tem compradores garantidos (para a produção do e-metanol de Suape) voltados para exportação", completou, em coletiva de imprensa acompanhada pelo site Jamildo.com.
Como isso funciona na prática?
O e-metanol é um combustível limpo feito a partir da combinação de hidrogênio verde com CO₂ capturado. Nesse processo, as usinas de etanol tornam-se fornecedoras naturais de CO₂: durante a fermentação da cana, grandes volumes do gás são liberados de forma pura e fácil de recolher.
Já os aterros sanitários produzem biogás, composto principalmente por metano e CO₂, que pode ser purificado e usado como matéria-prima para a síntese do combustível.
Tanto nas usinas quanto nos aterros, essa captura reaproveita emissões que iriam diretamente para a atmosfera. Com o CO₂ biogênico e o hidrogênio verde produzidos por energia renovável, o polo de Suape ganha um caminho competitivo para atrair indústrias e consolidar Pernambuco como produtor de combustíveis sustentáveis.
Armando Bisneto também prometeu que vai tirar do papel uma zona de processamento de exportações (ZPE) pública, com ajuda do governo federal.
"A ZPE privada que temos aqui não funcionou até hoje... nos temos que ter coragem (de criar uma pública)", observou. "Essa ZPE pode atrair novas indústrias"
O gestor explicou que a ZPE ficaria no Cabo, mas podendo ter produtos alfandegados em um raio de até 30 quilômetros, beneficiaria Escada, Moreno e Jaboatão. "O prefeito Mano Medeiros (de Jaboatão) pode ficar tranquilo", brincou.
É um gap que a gestão atual busca fechar, uma vez que o Ceará já tem uma ZPE e Suape ainda não.
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