Yan Lucca | Publicado em 15/08/2024, às 15h10
No início do desse mês, o Jamildo.com antecipou com exclusividade a informação que a Arlanxeo (antiga Coperbo), símbolo da industrialização do estado, estava para fechar as portas e demitir 2, 5 mil colaboradores.
O Blog do Jamildo apurou que o encerramento das atividades está relacionado aos benefícios fiscais da empresa, que estão vencendo. Com três unidades no Brasil — Caxias do Sul (RJ), Triunfo (RS) e Cabo de Santo Agostinho (PE) — a empresa teve que tomar uma decisão de fechar a unidade pernambucana.
As especulações no meio empresarial dão conta de uma escolha baseada na regionalidade, uma vez que toda a diretoria é gaúcha, levando em considerações as expectativas de produção e lucros com toda a operação de reconstrução do estado, depois da tragédia causadas pelas fortes chuvas naquele estado.
A reportagem também teve acesso a ata da reunião realizada entre a empresa e o sindicato. No que nela consta, o fechamento está ligada a "retratação do mercado na região, o que ocasionou uma redução significativa na ocupação da capacidade da fábrica" e resultou no "aumento de custos e falta de competitividade dos produtos da unidade".
De lá para cá o Sindborracha, sindicato que responde pela categoria, reuniu os trabalhadores em assembleia-geral para deliberar os primeiros passos das negociações com a Arlanxeo. A empresa, por sua vez, ofereceu um plano social, que, em resumo, prevê:
Indenização adicional de três salários mensais referente ao valor até agosto de 2024. Manutenção do plano de saúde e vale-alimentação por três meses após a demissão, com valores de R$ 1.153,41 e R$ 2.306,82, conforme o benefício atual. Pagamento único do saldo restante do benefício OMO para 2024, que inclui tratamentos odontológicos, oftalmológicos e medicamentos. Criação de programa de preparação para o mercado e manutenção do seguro de vida dos colaboradores e dependentes por três meses após o desligamento.
Na contra proposta, ao invés da indenização rescisória especial contar com apenas três salários mensais, prevê uma indenização de, no mínimo, 10 salários brutos, dependendo do tempo de trabalho na empresa,
Outras propostas foram oferecidas pela categoria, conforme apuração da repórter Cynara Maíra.
Nesta quarta-feira (14), a empresa anunciou o fim das negociações com Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias da Borracha em Pernambuco (Sindborracha). No entendimento dos sindicatos e movimentos sociais que se somaram a causa, o final se deu unilateralmente.
Ainda conforme a entidade sindical, entre os demitidos estão trabalhadores com doenças ocupacionais, membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), dirigentes sindicais e outros com estabilidade no emprego.
Para a categoria há uma violação dos direitos trabalhistas que estariam "sendo desrespeitados". A frente do ato, a CUT-PE e o deputado estadual João Paulo protestaram contra o fechamento da fábrica.
O sindicato informou que realizará uma nova assembleia-geral nesta sexta-feira (16), às 10h, no auditório do Sindicato dos Bancários.
O espaço segue aberto para novas atualizações e posicionamentos por parte do sindicato e pela empresa.
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