Jamildo Melo | Publicado em 20/11/2025, às 09h20 - Atualizado às 09h41
A eleição para o comando do Sindicato dos Auditores Fiscais de Pernambuco (Sindifisco) foi realizada nesta quarta-feira. O resultado final saiu no final da noite.
A chapa 01, de situação, obteve 223 votos. A chapa 02 conquistou 760 votos. Foram registrados ainda cinco votos nulos e um em branco.
Com um total de votantes de 989 eleitores, a oposição sagrou-se vitoriosa com 77% dos votos.
"Era o que esperávamos", afirmou o candidato a presidente pela chapa de Oposição, Nilo Otaviano, depois do desfecho. A troca de guarda só ocorre me janeiro.
A vitória da Chapa 02 – Unidade e Paridade, com impressionantes 77% dos votos, não foi apenas uma guinada eleitoral: representa a coroação de um movimento profundo e bem articulado dentro do Sindifisco-PE, liderado pelo Grupo Paridade. Desde antes das eleições, esse grupo vinha denunciando a quebra da paridade remuneratória, acusando a gestão de tratar ativos e aposentados de forma desigual.
O grupo, composto por auditores fiscais ativos, aposentados e pensionistas, havia se mobilizado para destituir a diretoria colegiada, alegando graves falhas de transparência, falta de diálogo e uma “gestão antidemocrática”.
Essa mobilização culminou, já em junho, com uma Assembleia Geral Extraordinária que elegeu uma diretoria provisória quase por unanimidade, passo importante para reconfigurar o sindicato.
Durante a campanha para a nova eleição, a Chapa 2 apresentou uma plataforma defendendo restabelecer a igualdade entre rubricas salariais, garantir segurança jurídica das verbas, e tornar permanente a participação dos aposentados no cálculo das remunerações.
Essa proposta central ressoou fortemente entre a base, e a mobilização foi intensa, com uma achamada “onda laranja” unindo pessoas por meio de grupos de WhatsApp, bikeatas e carreatas.
Além disso, o Grupo Paridade também criticou a gestão anterior por dificuldades de acesso aos documentos do sindicato — atas, balancetes e resoluções internas eram, segundo eles, mantidos em sigilo ou divulgados de forma fragmentada —, alimentando um sentimento de exclusão entre os filiados.
Neste sentido, a candidatura de Nilo Otaviano foi apresentada como a alternativa para “resgatar a dignidade” e “reconstruir o protagonismo” do Sindifisco-PE.
Em paralelo, o presidente da chapa derrotada, Francelino Valença, negava a quebra de paridade, atribuindo a crise a uma suposta disputa pelo auxílio-alimentação para aposentados.
Para o Grupo Paridade, essa narrativa era uma cortina de fumaça para esconder o que chamavam de “acordo do século”, que teria suprimido rubricas previstas em lei complementar e criado benefícios frágeis por resolução.
A eleição histórica desse quarta-feira marca, portanto, a consolidação de uma estratégia de longo prazo. Não foi simplesmente uma derrota da “situação”: foi uma vitória organizada, técnica e emocional, da base que se sentia deixada de lado. O site Jamildo.com acompanhou os bastidores da disputa sempre com exclusividade.