Ana Luiza Melo | Publicado em 05/09/2025, às 12h04 - Atualizado às 13h45
Pernambuco alcançou, nesta semana, a marca de 219 cozinhas comunitárias em funcionamento, sendo 164 inauguradas pela atual gestão. A rede estadual, dentro do Programa Bom Prato, já distribuiu mais de 16,9 milhões de refeições gratuitas desde 2023.
Como lembrava Herbert de Souza, sociólogo e ativista brasileiro: “A fome é uma violação da dignidade humana que exige ação concreta”. Iniciativas como o Programa Bom Prato mostram que é possível transformar essa realidade.
Atualmente, o programa estadual conta com 103 cozinhas em fase de implantação e já teve adesão de 182 municípios.
Na Região Metropolitana, o Recife já conta com uma cozinha estadual e mais três em implantação; Jaboatão, duas em implantação; Olinda, uma em implantação; e Camaragibe, uma em funcionamento e uma em implantação.
As inaugurações mais recentes ocorreram em Rio Formoso, Canhotinho, Feira Nova e Paranatama, Segundo o governo, além de combater a fome, as cozinhas têm se consolidado como espaços de convivência e identidade comunitária.
Em Rio Formoso, por exemplo, a unidade recebeu o nome da educadora Erina Fontes da Silva, reconhecida por sua atuação em escolas municipais e na Secretaria do Bem-Estar Social.
Cada unidade recebe investimento inicial de R$ 50 mil para estruturação e aquisição de equipamentos, além de repasse mensal de R$ 20 mil para custeio. Como contrapartida, os municípios garantem a oferta mínima de 200 refeições diárias.
Confira abaixo o infográfico interativo produzido pelo Jamildo.com, com os principais números e resultados do programa em Pernambuco — incluindo cozinhas comunitárias em funcionamento, refeições já servidas e metas de expansão.
Para a nutricionista Ruth Guilherme, professora da UFPE e conselheira nacional de saúde, o impacto vai além de suprir a fome imediata:
“O primeiro efeito é a redução da insegurança alimentar, mas também vejo como ponto extremamente relevante a melhoria do estado nutricional, uma vez que uma alimentação equilibrada contribui para reduzir tanto as deficiências de macronutrientes (proteínas principalmente – itens mais caros de um cardápio) como de micronutrientes (como ferro, cálcio, vitaminas do complexo B, vitamina A) o que consequentemente ajuda a prevenir doenças crônicas não transmissíveis como a obesidade, o diabetes e a hipertensão, comuns mesmo em populações em vulnerabilidade devido ao consumo de alimentos ultraprocessados de baixo custo”.
Ela também destaca o aspecto social: “Alimentar-se bem, diariamente, impacta diretamente na disposição, no aprendizado, na produtividade e na dignidade das pessoas.”
Segundo a especialista, refeições equilibradas devem contemplar variedade de grupos alimentares (cereais, leguminosas, proteínas, frutas, verduras, raízes), qualidade nutricional (priorizando alimentos in natura e evitando excesso de sal, açúcar e gorduras), quantidade adequada e atenção a públicos específicos como crianças, idosos e gestantes.
A nutricionista reforça ainda que é essencial atenção a grupos específicos, como crianças, idosos, gestantes e pessoas com restrições alimentares, como intolerâncias ou alergias. Por fim, o cardápio deve ser planejado por nutricionista, seguindo recomendações nutricionais específicas para cada população atendida.
Para aumentar os resultados do programa, a nutricionista defende a integração das cozinhas comunitárias a ações educativas e de saúde.
As propostas incluem educação alimentar com oficinas e materiais, aproveitamento integral dos alimentos para reduzir desperdícios, parcerias com a agricultura familiar e monitoramento nutricional da população atendida.
Outra sugestão é a diversificação da oferta, já que em alguns municípios são oferecidos apenas almoço:
“Em regiões de maior vulnerabilidade, poderia se pensar também na oferta de café da manhã ou lanches saudáveis, ampliando o alcance do programa.”
Cada cozinha inaugurada leva o nome de uma personalidade local. Em Feira Nova, foi aberta no dia 29 de agosto a Cozinha Comunitária Ivete José de Santana, homenageando a cozinheira que trabalhou por mais de 15 anos no Hospital Municipal Josefa Euzébia da Rocha e faleceu em janeiro deste ano.
Em Canhotinho, a unidade inaugurada no dia 28 recebeu o nome de Maria de Lourdes Sá Alves de Souza, conhecida como Maria de Bateria, lembrada por sua atuação como comerciante e pela paixão pela culinária.
“As Cozinhas Comunitárias são espaços de cuidado e dignidade. Homenagear Maria de Bateria é reconhecer uma história que representa o espírito de servir com afeto. Canhotinho entrega muito mais que um equipamento, entrega memória, respeito e compromisso com quem mais precisa”, afirmou a superintendente de Combate à Fome, Marília Torres.
Em fevereiro deste ano, durante a 230ª reunião ordinária da Comissão Intergestores Bipartite (CIB-PE), o governo estadual pactuou R$ 114 milhões para o cofinanciamento das políticas públicas de Assistência Social e Segurança Alimentar em 2025, o maior valor já destinado ao combate à fome em Pernambuco. Alem das cozinhas comunitárias, os recursos incluem também o custeio de serviços e equipamentos como os CRAS, CREAS, Centros Pop.
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