Lei Orgânica dos Policiais Civis: Sinpol diz que modernizar é salvar vidas

Áureo Cisneiros | Publicado em 23/08/2025, às 14h28 - Atualizado às 14h43

Aureo Cisneiros, presidente do Sinpol, apresenta-se como defensor da área de segurança - Divulgação
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Por Áureo Cisneiros, presidente do Sinpol PE, em artigo para o site Jamildo.com

Pernambuco convive diariamente com uma violência que fragiliza famílias, alimenta o medo coletivo, prejudica a economia e compromete o futuro do nosso povo. Nesse cenário, não há como falar em solução sem fortalecer quem tem a missão constitucional de investigar os crimes e garantir justiça: a Polícia Civil.

O que se tem hoje na Polícia Civil de Pernambuco é um estatuto com mais de 50 anos de existência, somado a outras leis esparsas que não dialogam entre si e já não dão conta da complexidade dos crimes da atualidade e nem da funcionalidade exigida para maior eficácia da Polícia Civil.

O crime organizado se modernizou, Pernambuco se tornou o segundo estado do Brasil com maior presença de facções que estão tomando território, matando e tornando a população refém e adentrando no sistema político e eleitoral , enquanto a base legal que organiza a Polícia Civil permanece ultrapassada. Esse atraso contribui para a impunidade e para a escalada da criminalidade.

A criação da Lei Orgânica dos Policiais Civis não é apenas uma reivindicação corporativa; é uma necessidade da sociedade. Uma polícia moderna, estruturada e valorizada investiga melhor, esclarece mais crimes e salva vidas.

Sem isso, a violência continuará se multiplicando, corroendo a confiança da população no Estado. Modernizar significa unificar carreiras e garantir promoções justas, proteger a instituição contra ingerências políticas, incorporar tecnologia e inteligência policial, dar autonomia e segurança jurídica ao policial e, sobretudo, fortalecer a capacidade de enfrentar facções e o crime organizado.

Cada crime não esclarecido é um convite para que outro aconteça. Uma investigação bem feita desarticula quadrilhas, prende líderes criminosos e reduz a violência nas ruas.

A governadora Raquel Lyra precisa compreender que não há plano de segurança pública sério sem a valorização dos Policiais Civis. A promessa de mais de um bilhão de reais para o programa “Juntos pela Segurança” perderá efeito se não vier acompanhada da implementação da Lei Orgânica.

Apenas renovar a frota de viaturas não representa o investimento necessário para melhorar a segurança pública. É preciso uma Polícia Civil moderna, estruturada legalmente e valorizada. O policial desmotivado, sem garantias e submetido a estruturas ultrapassadas, tem uma enorme dificuldade para entregar o que a população espera.

A criação da Lei Orgânica dos Policiais Civis é urgente e inadiável. Modernizar a Polícia Cívil e as investigações é a chance de mostrar compromisso real com a vida, com a justiça, com a segurança pública do povo pernambucano e com o futuro do Estado. Se essa mudança não vier agora, o preço será pago em mais dor, mais medo e mais sangue derramado. Ninguém aguenta mais tanta violência.

Áureo Cisneiros é presidente do Sinpol PE

Polícia Civil Sinpol Áureo Cisneiros

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