Jamildo Melo | Publicado em 20/02/2025, às 11h40
O presidente nacional do Partido Liberal, Waldemar da Costa Neto, abriu nesta manha de quinta-feira, em Brasília, um Seminário Nacional de Comunicação, organizado pelo partido.
O evento reúne nesta quinta e sexta blogueiros, influenciadores digitais, políticos, assessores políticos e tambémn convidou como palestrantes nomes das empresas Meta, Google e Tik Tok.
O ex-presidente Jair Bolsonaro é esperado no evento hoje e amanhã.
De Pernambuco, o deputado estadual e coronel Alberto Feitosa é uma das presenças confirmadas no seminário, junto com sua assessoria de comunicação.
“A Direita está unida, se fortalecendo e sabe o valor de uma comunição eficaz e da liberdade de expressão”, diz Feitosa.
Não há assunto mais delicado no momento. A denúncia contra Bolsonaro já soma 360 mil posts e domina comentários e pesquisas nas redes.
Na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Hugo Motta, deu uma bronca nos parlamentares da oposição e da base do governo Lula, que, pelo segundo dia, travaram uma batalha de gritos em razão da denúncia contra Bolsonaro.
Como resposta à briga, ele proibiu a entrada de deputados com faixas no plenário e ainda ameaçou entrar com processos no Conselho de Ética contra quem ofender colegas e atrapalhar a discussão das matérias.
A visita de Bolsonaro a Pernambuco, na segunda-feira que vem, para receber um título de cidadão honorário em Vitória de Santo Antão e fazer fotos ao lado de agropecuaristas, no encerramento da safra de cana, é bem simbólica.
A visita parece se inserir e traz à tona uma estratégia ousada e controversa, como resposta imediata à recente ação da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente, que o acusa de liderar uma trama golpista.
Ao invés de recuar ou manter discrição, Bolsonaro decidiu apostar nas ruas e em aliados internacionais para manter sua base de apoio unida e tentar viabilizar sua candidatura em 2026.
A decisão da PGR, que envolve acusações graves como tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e participação em organização criminosa, poderia ter desestabilizado qualquer outro político.
No entanto, Bolsonaro optou por transformar essa situação em uma oportunidade para fortalecer sua imagem de "perseguido" e mobilizar seus seguidores.
Curiosamente, a estratégia de Bolsonaro lembra a de Lula em 2018, quando se lançou candidato mesmo estando preso, e Fernando Haddad foi oficializado apenas em setembro daquele ano.
A ideia parece ser manter a candidatura até o último momento, evitando enfraquecer sua posição entre os apoiadores da direita.
Além da pressão nas ruas, Bolsonaro e seus aliados estão buscando apoio de entidades internacionais, alegando perseguição política.
Ao que parece, essa abordagem visa criar uma narrativa de que as ações do ex-presidente Bolsonaro são comparáveis às práticas do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), tentando desviar a atenção das acusações graves.
A mobilização nas ruas e o apelo internacional são apenas parte de um plano mais amplo que inclui ações políticas e judiciais.
Como um Trump dos trópicos, outra ideia força parece ser aumentar o descrédito em largas parcelas da população brasileira em relação a instituições como o STF.
Bolsonaro e seus aliados também estão trabalhando para aprovar a anistia dos presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e propor mudanças na Lei da Ficha Limpa.
A situação é complexa e cheia de incertezas, mas uma coisa é clara: Bolsonaro está disposto a lutar até o fim para manter sua influência política e tentar se lançar novamente em 2026.
A resposta da sociedade e dos órgãos judiciais será crucial para definir o futuro do ex-presidente e do cenário político brasileiro.