Yan Lucca | Publicado em 06/11/2024, às 12h25
Nesta quarta-feira (06/11), em entrevista ao O Globo, o psolista Guilherme Boulos soltou o verbo em críticas as falas do socialista João Campos durante sua participação no 'Roda Viva' da TV Cultura.
Campos, questionado sobre sua visão em relação às eleições de São Paulo no segundo turno entre Nunes e Boulos, não poupou palavras para criticar a estratégia adotada pelo psolista no maior colégio eleitoral brasileiro.
Usando uma frase do arcebispo de Olinda e Recife, Dom Helder Câmara, João afirmou que "o povo pensa" dando a entender que a postura adotada por Boulos em São Paulo havia sido eleitoreira.
No Roda, João afirmou "você (referência a Boulos) passa 19 anos de um jeito e um ano (eleição) revisitando tudo, mas as pessoas sabem das coisas. Você acha que o povo não pensa, mas o povo pensa", parafraseou o Dom da Paz.
Com uma campanha orçada em R$ 81,2 milhões, juntamente com o apoio significativo do PT, Boulos obteve um saldo 40,65% dos votos válidos, enquanto Nunes conquistou 59,35%.
Na mesma entrevista, Campos foi questionado sobre a falta de apoio dos socialistas ao Boulos, e enfaticamente afirmou que a direção do PSB-SP estava sob responsabilidade de Tábata Amaral, ex-candidata pela sigla.
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Em resposta as críticas veladas, o deputado federal chamou Campos de incoerente e "sem moral" para dar aulas. "Em 2020, quando se elegeu prefeito pela primeira vez, o mote dele era PT nunca mais, dizendo que os governos do Lula e do PT eram os mais corruptos da história. O Lula estava inelegível e tinha acabado de sair da prisão. Hoje o Lula é presidente, e ele [João Campos] virou o maior lulista do país. Então, menos ... para querer dar lição de moral alheia", afirmou Boulos.
Boulos e Campos disputam a hegemonia da esquerda brasileira de olho no futuro político. Segundo os observadores do cenário político, atualmente os dois nomes são os mais fortes do campo progressista para uma eventual substituição de Lula, que aparenta não estar muito preocupado com a sucessão.
Na mesma entrevista, Boulos não se absteve de criticar o histórico político de João Campos, em uma tentativa de desconstruir o socialista reeleito com quase 80% dos votos válidos no Recife. “Construí minha trajetória no movimento social. Não foi por sobrenome, não foi por herança familiar. O mínimo que se precisa ter na política, independentemente das diferenças, é respeito”, disse.
Como nem tudo são críticas, Boulos também reconheceu a votação histórica na capital pernambucana e o protagonismo e popularidade de João Campos. "O João Campos conseguiu uma reeleição fenomenal [como prefeito do Recife], tem os seus méritos, sem sombra de dúvida. Mas não creio que ele está autorizado a me dar aulas de coerência", disse.
Conforme se ouve nos bastidores, a disputa pela hegemonia da esquerda está apenas começando. A conferir.
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