Logo depois de assinatura sobre Metrô do Recife, linha tem curto circuito e passa noite sem funcionar

Cynara Maíra | Publicado em 18/12/2025, às 09h31 - Atualizado às 09h53

Metrô do Recife passa por diversos problemas de infraestrutura - DIVULGAÇÃO
COMPARTILHE:

Ler resumo da notícia

Um dia após o presidente Lula (PT) e a governadora Raquel Lyra (PSD) assinarem um acordo bilionário para a concessão do Metrô do Recife, o sistema voltou a apresentar falhas graves. Um curto-circuito na rede aérea interrompeu a operação de todas as 19 estações da Linha Centro na noite de quarta-feira (17).

O problema começou às 17h20, entre as estações Werneck e Barro, na Zona Oeste. O motivo seria um problema em um pantógrafo, equipamento que conecta o trem à rede elétrica, que desorganizou a fiação e forçou os usuários a descerem dos vagões e caminharem pelos trilhos.

Segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), o ramal só foi reaberto às 21h20, operando parcialmente em via singela (apenas uma plataforma para os dois sentidos). A normalização total ocorreu apenas às 5h35 desta quinta-feira (18).

O incidente desta semana soma-se a uma lista de problemas. Em outubro, um incêndio em um trem paralisou o ramal Camaragibe por dias.

Em novembro, a categoria realizou greve cobrando melhorias. Desde agosto de 2024, o metrô não opera aos domingos para permitir janelas de manutenção que, segundo os usuários, não têm evitado as quebras constantes durante a semana.

Acordo sob críticas e repúdio

O colapso técnico coincide com o momento de maior tensão política sobre o futuro do modal. Na terça-feira (16), em Brasília, os governos federal e estadual firmaram um pacto que prevê R$ 4 bilhões em investimentos da União para recuperar a infraestrutura antes de entregar a operação à iniciativa privada via Parceria Público-Privada (PPP).

O Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE) reagiu com uma nota de repúdio, classificando o acordo como uma "afronta ao povo pernambucano" e acusando Lula de agir sem diálogo com a categoria.

"Tratar um sistema essencial como o metrô do Recife dessa forma é uma irresponsabilidade... O risco iminente de um acidente grave, inclusive com vítimas fatais, foi praticamente anunciado", alertou o sindicato.

Investimentos emergenciais e longo prazo

O acordo prevê uma etapa de transição, onde o Estado assume a gestão provisória com suporte da CBTU. Nesse período, a União promete liberar R$ 150 milhões para reparos imediatos em estações e rede elétrica, além da compra de 11 trens (novos ou usados).

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, defendeu que o aporte de R$ 4 bilhões garantirá a modernização estrutural ao longo dos cinco primeiros anos da futura concessão. O leilão deve ocorrer no final de 2026, sob coordenação do BNDES.

Para os metroviários, a solução passa pelo investimento público direto e tarifa zero, rejeitando a privatização. 

mobilidade metrô recife

Leia também

Grupo JCPM lança condomínio de luxo na praia de Guadalupe com R$ 198 milhões em investimentos


Após acordo sobre Metrô do Recife, Metroviários repudiam concessão: "afronta ao povo pernambucano"


Audiência na Câmara do Recife discute concessão do Metrô à iniciativa privada nesta quarta (10)